Ó Paisagem nua, Dor! - Monólogos Franjhunio: Mulheres

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Mulheres


Nas últimas décadas as mulheres conseguiram inegáveis conquistas sociais e econômicas, deixando para trás o papel de subserviência ao homem. Hoje, pelo menos nas sociedades mais desenvolvidas, elas são donas de seus narizes e determinam o destino de suas próprias vidas sem ter que se preocupar com a aprovação de homem nenhum.
Mas alto lá, companheiros de classe! Não é preciso se preocupar. Apesar de alguns estudos que as apontam como mais organizadas e eficientes para as tarefas de comando, um mundo gerenciado pelas mulheres dificilmente vai existir. Elas podem não ser mais controladas por nós, mas as suas mentes se tornaram reféns de algo muito mais eficiente: o Vagisil.

Explico cientificamente, até concluir com o exemplo do poder exercido por este mero produto de higiene íntima.

Já é senso comum de que a mente masculina e a mente feminina funcionam de um modo diferente. Sem piadinhas de “mais ou menos neurônios”. A capacidade intelectual é a mesma, mas enquanto o cérebro masculino é programado para processar melhor as informações em um “nível macro,” o cérebro feminino dedica uma atenção muito maior os detalhes, ou ao “nível micro”. Enquanto um homem persegue seus objetivos como uma ação contínua e única, as mulheres enxergam este mesmo caminho como uma série de pequenas tarefas paralelas. Daí vem a melhor capacidade organizacional feminina. Conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo é o forte delas. Ser um trator focado em um objetivo geral é o nosso.

Mas desta atenção aos detalhes também vem o maior ponto fraco das mulheres. Elas simplesmente não conseguem parar de processar as novas informações fornecidas. Então, quanto mais detalhes forem dados para elas se preocuparem, mais a sua carga “multi-tarefa” se sobrecarrega. Até que em determinado momento todo o sistema entra em colapso. Daí elas têm uma crise de choro e ligam para o seu macho (ou apelam para um pote de sorvete, na ausência de uma pica). Um orgasmo (ou pote de sorvete) é o tipo de coisa que “reseta” o cérebro feminino e as faz voltar ao normal. Da mesma maneira que reiniciamos o Windows quando o computador fica lento porque rodou vários programas ao mesmo tempo.

Sabendo que não somos mais capazes de subjugar as mulheres diretamente, começamos a explorar esta fraqueza. Conforme elas foram sendo liberadas do cárcere doméstico, queimando sutiãs, ganhando direito a voto e conquistando mais espaço no mercado de trabalho, fomos paralelamente inventando detalhes sem importância para sobrecarregar as suas mentes e desviá-las do foco principal que seria nos destituir do comando. Pense bem. No passado existia moda? Aquecimento global? Calorias? Pesquise bem e veja que, apesar de interessarem exclusivamente as mentes femininas, estas e uma série de outras invenções inúteis são obras masculinas. Os homens inventaram, mas nenhum se preocupa de fato com essas coisas. Todas elas têm o claro objetivo de sobrecarregar o cérebro feminino (como aqueles vários softwares inúteis que vamos instalando no nosso computador).

O exemplo mais evidente disso é o Vagisil. Foi um homem que inventou essa necessidade súbita das mulheres se preocuparem com o seu frescor íntimo. Alguém se preocupava com “frescor íntimo” há 10 anos atrás? Já imagino até como deve ter acontecido... Deve ter sido por volta de 1991, em algum laboratório da Alemanha. Um químico deve ter começado a se sentir ameaçado pelas suas subordinadas, muito mais competentes que ele. Em meio a uma bebedeira ele teve uma revelação - “Já sei, vou iniciar uma pesquisa sobre o pH da mucosa vaginal!” - Pesquisa concluída e o cara consegue comprovar que sabonetes normais, que são alcalinos, podem comprometer a acidez da vagina, o que é essencial para prevenir infecções. Ele cria então um sabonete com alcalinidade mais suave e bingo! As suas subordinadas passam a ter que medir seus respectivos pHs de hora em hora, tendo mais um assunto completamente supérfluo para se preocupar.

Mal sabem elas que um homem é completamente incapaz de avaliar o pH de uma vagina (a menos que você esteja transando com um sommelier). O homem médio erra o pH absurdamente. “Gosto de bacalhau” é o consenso da galera. Porra nenhuma! O pH do bacalhau deve ser mais ou menos 8 (um pouco alcalino, como a água do mar). Já o pH de uma vagina é 4 (similar ao de um suco de laranja). Erramos quase 30% da escala, que vai de 0 a 14. Nós não sabemos diferenciar o gosto do suco de laranja e de um bacalhau, mas mesmo assim conseguimos fazer elas se preocuparem com isso.

Moças, não tem jeito. A sociedade democrática baseada na livre iniciativa foi feita para manter as fêmeas sob controle. Se por um lado vocês foram liberadas, por outro ficaram ainda mais fáceis de controlar. Sem frustração, sem rebeldia, sem violência... Um machismo esclarecido, nada mais do que uma adaptação do despotismo esclarecido.

Enquanto pudermos criar milhões de escolhas e diversificar os detalhes, vocês ainda serão nossas reféns. Mal sabia Marx que no fundo de suas boas intenções ele estava condenando a supremacia masculina e jogando contra o seu próprio time. Felizmente para nós homens o fantasma de uma sociedade totalitária, de economia controlada e escolhas limitadas, foi eliminada com a queda dos comunistas. A onda vermelha não demoraria muito para se tornar rosa.

Franjhunio

*PS
Só um pequeno detalhe: a escala do potencial hidrogeniônico (pH), assim como a do potencial hidroxiliônico (pOH) varia de 1 a 14 (10^-1 mol/L, até 10^-14 mol/L) e não de 0 a 14. Não existe pH ou pOH 0.

Um comentário:

Anônimo disse...

Rpz, sinceramente (sem feminismo) não gostei desse texto. acho q vc ñ achou o "linck" entre o q o tema e a forma de abordagem.