Ó Paisagem nua, Dor! - Monólogos Franjhunio: Liberalização a Maconha...

quarta-feira, 5 de março de 2008

Liberalização a Maconha...


Não tenho nada contra e até respeito à escolha das pessoas que gostam de fazer uso da maconha para fins recreativos. E olha que é difícil falar esse “não tenho nada contra” sem estar reservando um preconceituoso “porém” mais à frente no argumento, mas é isso mesmo. Ficar doidão é maneiro pra caramba, estimula a criatividade e faz crescer. Os egípcios, fenícios, astecas ou qualquer outra civilização pré-Bob Marley já fazia uso de substâncias ilícitas para aditivar a vida, por isso maconha não é nenhum bicho de sete cabeças e ninguém vai parar de fumar porque a TFP diz que é feio.

Mas o que me deixa puto é que os usuários mais “mal resolvidos” ficam querendo justificar algo que não precisa de justificativa. A insegurança de quem não sabe ainda o que quer, ou não tem moral para assumir uma fraqueza humana e acaba inventando um monte de ideologias por trás de um ato que se resume à busca do prazer imediato. Prefiro mil noites ao lado de um maconheiro tocando Raul Seixas num violão desafinado do que meia hora ao lado de um “maconheiro ideológico”, geralmente um intelectual odiável de merda.

O “maconheiro ideológico”, ou "maconhista", é uma criatura que subverte toda a lógica de nossa sociedade apenas para enobrecer o ato de queimar uma brenfa. Para ele nada é mais puro e natural do que a maconha e o primeiro grande inimigo que ele crucifica é o cigarro. O cigarro, segundo seu argumento de defesa, é um instrumento da morte. Cigarro dá câncer e maconha é terapêutica. “O cigarro mata e é legalizado, a maconha cura e é ilegal! Que absurdo!”

Onde já se viu? Falar mal do cigarro e bem da maconha... O cigarro vem do tabaco, que é uma planta tão natural quanto à cannabis. Aí nego vem me dizer que é diferente, que a Souza Cruz enche o tabaco de agentes químicos e é isso que faz mal. Mas aí eu digo: vocês já fumaram cigarro de tabaco natural, enrolado na hora? É uma merda! A química cancerígena é para deixar mais gostoso e pouco importa se o custo desse prazer adicional é uma morte precoce. E eu aposto com qualquer um que no dia em que a maconha sair da ilegalidade e a Souza Cruz se encarregar da fabricação de baseados com muita química, não vai existir nenhuma fumaça mais aromática e deliciosa do que a do “Marlboro Cannabis”. Já pensou? Uma maconha devidamente plantada, com os pesticidas e adubos corretos, misturada em tonéis reluzentes de aço inoxidável com várias cetonas, propis e isopropis... Depois de experimentar um desses, nenhum maconheiro se contentaria mais com essa grama seca misturada com bosta de vaca que esses amadores vendem por aí. E o dia que a Monsanto fizer sementes de maconha geneticamente modificadas (eu sei que já faz, mas digo em escala comercial)? Não vai ter ninguém fazendo passeata contra transgênicos depois de experimentar a melhor onda de sua vida. Por que? Porque tudo se resume a prazer, não a ideologia, e quem gosta de ideologia para viver, quase sempre ou é ou se sente intelectual... de merda.

Mas de longe o que mais curto é ver um “maconheiro ideológico” defendendo os interesses nacionais. Para acabar com a sua gigantesca larica, ele nunca vai ao McDonald´s ou toma Coca-Cola. Ele prefere comer na carrocinha de cachorro quente da esquina, pois é bem melhor do que financiar mega-corporações imperialistas que são instrumentos de dominação econômica e cultural.

Impressionante a capacidade de abstração de um maluco desses. Ele consegue imaginar os R$11,00 que ele pagou num Big Mac sendo convertidos em dólares e voando até o hemisfério norte, onde pagam um bilionésimo do novo iate de 50 pés que o Ronald acaba de comprar. Por trás de dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles e um pão com gergelim reside a miséria do terceiro mundo.
O engraçado é que em 90% dos casos esse é o mesmo tipo de pessoa que dá um pinote para se defender quando alguém argumenta que o dinheiro do baseado dele financia a violência. “Nada disso! Uma trouxinha de maconha não paga nada! Quem financia a violência são os poderosos, que nunca aparecem e moram em coberturas de frente para a praia!”

Porra, como o iate do Ronald é visível e o munição do fuzil não é?
Trabalhar tostando “pão com gergelim”, que é uma das poucas opções que o moleque da favela tem para não ser bandido, é o instrumento de uma exploração vergonhosa. Já a trouxinha é uma opção consciente, pois a bala que está ali naquele fuzil não é comprada com os Reais do maconheiro politizado (sim também assisti Tropa de Elite – DVD Pirata e tudo).

Já está na hora de despolitizar o prazer. Senão, daqui a pouco, vai ter alcoólatra dizendo que financia o crescimento do país com o IPI abusivo que ele paga nas garrafas de cachaça e adolescentes obesos falando que os milhares de Big Mac´s que comem por ano geram uma dúzia de empregos para jovens carentes. É muito bonito argumentar em prol de um vício, feio é admitir que a razão de tudo não passa de uma fraqueza na carne. Hah...para não perder o costume: EU ODEIO TODO INTELECTUAL DE MERDA.

Um comentário:

Favuca disse...

Poxa, vc fez uma volta retada pra falar mal "daquele" intelectualzinho de merda... Tu também é, viu chato? To dizendo intelectual...