Ó Paisagem nua, Dor! - Monólogos Franjhunio: O Paraíso em decadência

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O Paraíso em decadência



O mundo está indo de mal a pior. Hoje em dia é raro encontrar alguém bom, que honre pai e mãe, não cobice, não roube ou não mate. Os 10 mandamentos se tornaram algo decorativo, uma literatura de cordel para crente memorizar e achar que é alguém. Ao que parece, o "ópio do povo" não está mais fazendo efeito. Estamos precisando de um "upgrade" na religião, talvez uma "heroína" ou "crack do povo", enfim, algo mais forte para que nossos semelhantes voltem a agir como cordeiros.

Ninguém tem mais medo de ir para o inferno. Ninguém quer mais se esforçar para garantir sua vaga no céu. Mas afinal de contas, o que acabou com esses dois grandes mitos que sempre foram usados como lavagem cerebral para agirmos corretamente desde que saímos do berço?

A culpa é da mídia! Pode parecer repetitivo, mas é isto mesmo. Aliás, escreva esta frase em uma cartolina e você terá algo para ser usado em tudo quanto é tipo de manifestação, é uma espécie de calça preta básica que combina com tudo.

Mas voltando à vida após a morte. A mídia conseguiu banalizar o Inferno assim como banalizou outras coisas sujas como o sexo, as drogas e a vida da Sasha. A prova disso é que o xingamento "vai pro inferno" é considerado mais leve do que um sonoro "vai pra puta que o pariu". Porra! Acordem! O "inferno" é um lugar muito mais inconveniente para se ir, é a danação eterna, as torturas, a agonia... a puta que o pariu fica logo ali, entre Feira de Santana e Coração de Maria.

A exposição do inferno é tanta que a gente já está se acostumando. Ela se estende desde os jornais anunciando um "calor infernal" no fim de semana até os filmes como "Um Drink no Inferno", que fazem o lar de Belzebu ser um lugar tão legal que tem gente achando que o verdadeiro paraíso fica lá.

Pois é. E o paraíso? Como fica nessa história? Paraíso virou razão social de buteco sujo, de assentamento de sem-terra e de asilo para velhos. Se não me engano, tem até uma cidade que se chama Paraisópolis. Nunca fui, mas aposto que é uma merda. Estão esfregando na latrina o nome do lugar mais perfeito do mundo.

O marketing da igreja também não ajuda. Quando o padre tentava me vender a imagem do meu lar após a morte eu sempre ficava angustiado. Imaginava um lugar bucólico, calmo, chato e sem nada para fazer, do tipo o¬nde 1 segundo dura uma eternidade. Imaginem, uma vida eterna em um lugar o¬nde 1 segundo dura uma eternidade! Que inferno!

Não é à toa que nossos valores andam invertidos. Daqui a pouco ficarei absurdamente confuso, a ponto de vislumbrar padres pedófilos praticando sexo com anjinhos no céu infernal e modelos boazudas tomando cerveja no inferno celestial. Na dúvida, vou acabar optando pelo purgatório.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Diabo está chegando vai procurar o tal "Paraíso" e quando não encontrar vai acertar as contas com vc viu? Fica mudando o endereço e não avisa...!